segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O cíume

   Ontem perguntaram-me se eu era ciumenta.

   Não, respondi rapidamente, não sou ciumenta, acho que o cíume é estupido, uma consequência de sentimentos todos eles negativos: posse, falta de autoestima, inveja. Não tem nada a ver com amor. Já tive a minha dose de cíumentos, já tive quem me acusasse de não amar por não sentir cíume. E também já o senti.

  Agora estragaste tudo, disse ele com aquele sorriso de puto velho ao qual me estou a habituar lentamente. Estavas a ir tão bem... 

  Mas é verdade. Há alturas em que faço tudo errado e sinto tudo errado. Por muito que a minha cabeça me bombardeie com sinais de alerta, por mais que soem buzinas de alarme, sigo pelo caminho mais irracional, mais estupido e animalesco. Reduzo-me a um ser bestial que desprezo e quero aniquilar.

  Agora, fixo na retina o seu sorriso de puto velho. E é nele que vou buscar a razão. Não interessa o que sou, ou o que ele é. O importante é que neste momento ele é-me dirigido, mas não me pertence. É uma oferta do coração: estou aqui porque quero estar, agora. E durante o tempo que eu sorrir para ti, o meu sorriso é aquilo que tu vês, mas mais importante que tudo, é aquilo que eu sinto.

  

1 comentário:

  1. Então... Excelente.
    Não precisas de saber mais nada pois já sabes tudo o que precisas de... Sentir.
    Pensas, existes. Sentes, amas e... VIVES!
    Abraços...*

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