quarta-feira, 24 de março de 2010

Long time no see..

      é verdade...
      Andei por aí, ocupada em fazer rotinas e novidades e há muito que não escrevia nada.
      Mas estas não são as unicas razões... Eu, na realidade, sempre fui assim.
      Preciso de sentir aquilo por que passo e o que passa por mim e tenho tanta fome de sentir que preciso de me dar um tempo para racionalizar e encontrar a frase que define os dias. Preciso de deixar "poisar a poeira". É nestes momentos que ando mais silenciosa, é também nestes momentos que ando mais ocupada. Como diz a minha alma gémea, que infelizmente é do mesmo sexo que eu, o que é preocupante é quando eu digo nada, enquanto falo ou escrevo é sinal que tudo está bem.

     Pois bem, ocupei estes longos dias a aprender.
     Desde muito nova sempre defendi que nada acontece por acaso, tudo tem um propósito, e mesmo o que nos dói, serve mais tarde ou mais cedo, para alguma coisa.

     No meio de uma festa de aniversário de uma discoteca em Lisboa e de uma passagem de modelos no Porto, ainda houve tempo para ir ver Alice in Wonderland, para jantar com duas pessoas que amo do fundo do coração e para visitar uma cidade que já não sentia debaixo dos pés há muitos anos. Bebi duas Margueritas, umas vodka limão manhosas e algumas imperiais (em diferentes noites, claro). Voltei ao Incógnito e tirei fotos, muitas fotos, do rio que aprendi a amar, dos jardins que se atravessavam no meu caminho e de portas. Não sei porquê, mas ando a desenvolver uma fixação muito estranha por portas.
  
    Tive direito a sorrisos de várias pessoas, abraços de outras tantas e par para dançar quando me apeteceu. E mais, aprendi a ser um pouco mais humilde e a nunca mais dizer "desta água não beberei".

     Lição nº.1:

     Lembro-me da ultima vez que estive em casa do P.. Tivemos uma discussão monstruosa sobre racismo. Não foi assim há tanto tempo...
     Ele, exaltado, a usar os privilégios de quem foi amante durante 3 anos, acabou a dar um soco na mesa e a dizer:
    -Parece impossível que uma mulher inteligente como tu, com ideias abertas acerca de tudo e de todos seja capaz de afirmar que é racista!
     E eu, meia envergonhada, só era capaz de dizer, que sim, era racista, que me tornara assim em Lisboa, que não havia respeito, civismo, educação. Que cheira mal no metro e que 90% dos roubos nas minhas lojas são feitos por eles. Que não me sentia atraída por negros e isso também é uma forma de racismo,não é?
     E ele, furioso, apaixonado como é sempre que defende as suas ideias ria-se de mim como quem tem pena, como quem me aceita com todos os meus defeitos, mas com alguma mágoa, por continuar a gostar de mim embora eu fosse racista.

    Engulo aqui as minhas palavras e peço-te desculpa. Aprendi a minha lição.
    Há pessoas de todas as raças que não são educadas, nem tomam banho. Há pessoas de todas as raças que não respeitam o espaço dos outros e que não sabem outra forma de ter algo senão roubando. Há pessoas de todas as raças de quem eu provávelmente não gostaria.
   E sim, eu já me senti atraída por um negro.

   Lição nº.2:

   Há pessoas apaixonadas pelo Amor. E isto é triste, muito triste.
   Eu sei que é triste porque eu própria fui apaixonada pelo Amor durante muito tempo.
   Em princípio, creio que o correcto é apaixonarmo-nos por Alguém. Faz sentido. Amar Alguém e ser amado. Dançar quando não há musica, sorrir sem nada para dizer, apreciar cada movimento, cada respirar, cada toque. De Alguém. Ou melhor, do Outro.
   Ver o Amor que sentimos espelhado nos olhos do outro. Acabar mentalmente as suas frases. Haver um sintonia tão grande que nem é preciso falar, está lá e não há dúvidas. Não há mentiras porque não há como mentir, não há silêncios porque os silêncios estão cheios de palavras.

   Mas como eu, há pessoas apaixonadas pelo Amor. Em que não interessa quem está lá, do outro lado. Não interessa os defeitos que tem essa pessoa ou que ela não corresponda ao nosso sonho. Só interessa o Amor que julgamos sentir e que traduzimos em palavras que saiem como um vómito para justificar os nossos actos, para legitimar o Amor que queremos sentir, que amamos sentir. Custe o que custar, doa a quem doer.
   Esta é a lição que mais me custou aprender, e foi preciso encontrar alguém como eu, que está apaixonado pelo Amor, para eu ver que afinal, eu também estava apaixonada apenas pelo AMOR.

  

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